
Dr. Armando Manuel revisita uma década das Eurobonds Angolanas
O Presidente do Conselho de Administração do Fundo Soberano de Angola (FSDEA), Dr. Armando Manuel, participou, no dia 14 de Outubro de 2025, no fórum '10 Anos de Eurobonds & 10 Anos de Bolsa Angolana', realizado no Hotel EPIC SANA, em Luanda. O evento foi promovido pelo Ministério das Finanças e pela revista Telegrama, com o patrocínio oficial do FSDEA, e reuniu decisores públicos, economistas e gestores financeiros para analisar a importância das Eurobonds na credibilidade internacional de Angola e o progresso do mercado de capitais nacional.
A sessão de abertura foi presidida por S. Ex.ª a Ministra das Finanças, Dra. Vera Daves de Sousa, que destacou a emissão de 2015 como um marco na história financeira do país, sublinhando o seu papel na consolidação da confiança dos investidores e na maturidade institucional do Estado angolano.
Na sua intervenção, o Dr. Armando Manuel, que liderava o Ministério das Finanças aquando da primeira emissão, revisitou o processo que culminou na colocação de USD 1,5 mil milhões a 10 anos, com cupão de 9,5%, operação conhecida como 'Palanca I'. O dirigente afirmou que 'uma emissão de Euro-obrigações não se improvisa', descrevendo as várias etapas rigorosas que a antecederam: a decisão política e estratégica após consultas ao Chefe de Estado e ao Banco Nacional de Angola; a avaliação técnica e fiscal da sustentabilidade da dívida; o exigente processo de due diligence com advogados, consultores e bancos bookrunners; e a preparação de mercado através de roadshows em Londres, Nova Iorque, Frankfurt, São Francisco, Boston e no Médio Oriente, junto de investidores asiáticos.
'O profissionalismo em finanças, o domínio das políticas públicas e a maturidade na gestão consolidaram-se como axiomas de um exercício sabático', afirmou, sublinhando que 'cada instituição apresentava análises detalhadas sobre Angola, levantando questões pertinentes que reforçaram a confiança e o apetite para a subscrição.'
O fórum contou também com a participação do Dr. Archer Mangueira, ex-Ministro das Finanças e actual Governador da Província do Namibe, que abordou 'O impacto da política monetária mundial e da inflação no preço da dívida dos mercados emergentes'. A Presidente da Comissão Executiva da BODIVA, Dra. Cristina Lourenço, falou sobre os dez anos da Bolsa de Dívida e Valores de Angola, destacando o crescimento do mercado e o papel da BODIVA na modernização do sistema financeiro. O Dr. Pedro Frederico Cossa, Presidente da Bolsa de Valores de Moçambique, apresentou o tema 'Integração Regional – Como financiar o desenvolvimento através da bolsa', defendendo uma maior cooperação entre as bolsas da SADC para mobilizar poupanças locais e canalizá-las para projectos de desenvolvimento.
O encontro reuniu também os ex-ministros das finanças e responsáveis de instituições públicas e privadas ligadas ao mercado financeiro e de capitais, reforçando o diálogo e a cooperação entre o Estado, o sector bancário e os investidores.
Na conclusão, o Dr. Armando Manuel sublinhou que o verdadeiro legado das Eurobonds reside 'na confiança construída e na institucionalização de uma cultura de rigor e responsabilidade na gestão das finanças públicas'. Acrescentou ainda que 'os investidores haviam depositado confiança na competência das equipas e, embora persistissem reservas e percepções conservadoras relativamente ao sistema político e ao modelo de governação adoptado por Angola, a entrada nos mercados internacionais de capitais representou um marco comparável a disputar a ‘Liga dos Campeões’ das finanças globais — um torneio reservado apenas às nações e instituições capazes de competir sob condições de máxima exigência. Contudo, esse avanço trouxe consigo maiores desafios de transparência, passando a economia a ser observada e avaliada com o mesmo rigor que se aplica a um tecto de vidro, onde nada permanece oculto.'
O evento encerrou com uma cerimónia de homenagem às equipas e quadros das diferentes instituições angolanas que contribuíram para o sucesso da primeira emissão de Eurobonds, reconhecendo o empenho, a competência técnica e o profissionalismo que marcaram aquele momento histórico para a credibilidade financeira de Angola.






